O Reporting Integrado (IR) ao Serviço da Criação de Valor

10/03/2020

A evolução tecnológica, globalização e internacionalização das empresas e interdependência dos mercados colocaram pressão sobre o reporting financeiro integrado. A crescente complexidade da informação e a falta de estruturação dificultam a comunicação da informação corporativa e estratégica, de forma percetível para todos os stakeholders e investidores. Além disso, nunca as empresas competiram tanto por recursos cada vez mais escassos: recursos financeiros, humanos, sociais e ambientais. 

Como tal, para que a economia se mantenha em funcionamento, garantindo a adaptação da sociedade aos desafios atuais, o conceito de criação de valor deverá ser central no processo de elaboração do reporting financeiro. 

Imagine um documento corporativo, resultado de um pensamento integrado de uma equipa multidisciplinar, que reflete a estratégia da empresa e examina as suas capacidades de criação de valor sustentável a curto, médio e longo prazo. Não é uma utopia: chama-se relatório integrado <IR>, e é tido com o futuro do reporting corporativo. 

Princípios do IR (Relatório Integrado)

De acordo com o artigo do IIRC (International Integrated Reporting Committee) de 2011, o relatório integrado é “uma comunicação da informação material sobre a estratégia, gestão, desempenho e perspetivas da organização de forma a espelhar o contexto comercial, social e ambiental em que opera”. Como tal, tem como objetivo “reunir uma representação clara e concisa de como a organização demonstra capacidade de boa gestão e de que forma cria e sustenta valor ao longo do tempo”. 

De forma geral, o <IR> combina as diferentes vertentes do relatório corporativo: financeira, fiscal, organizacional e de governança e relatórios de sustentabilidade num só documento, refletindo sempre a real capacidade de uma organização criar e manter valor.

Os princípios base da estrutura do <IR> são: 

  • Foco na estratégia e orientação para o futuro: informação estratégica e ênfase na criação de valor no curto, médio e longo prazo; utilização dos capitais e efeitos dessa utilização na empresa
  • Informação interligada: a informação deve ser exposta de forma global, salientando a combinação, interligação e interdependência entre os fatores que afetam a capacidade da empresa criar valor no futuro
  • Relação com stakeholders: esta deve ser clara; sendo ainda necessário saber como e até que ponto a organização entende, responde e tem em linha de conta as necessidades e interesses dos stakeholders
  • Materialidade: o <IR> deve identificar o que substancialmente afeta a capacidade da organização criar valor a curto, médio e longo prazo
  • Foco: o <IR> deve ser o mais conciso possível e evitar ao máximo informação desnecessária 
  • Confiança e plenitude: devem ser abordados os pontos positivos e negativos de forma equilibrada e fiável
  • Consistência e comparabilidade: a informação deve ser consistente no tempo e na forma de modo a ser comparável com a de outras organizações 

Desafios de implementação do IR

O estudo da Black Sun de 2014 ‘Realizing the benefits: The impact of Integrated Reporting’ avaliou o impacto do <IR> nas primeiras organizações que o adotaram e identificou um impacto bastante positivo. Segundo o inquérito feito junto dos profissionais: 91% destacou impacto positivo no compromisso externo, 96% reconheceu impacto positivo no compromisso interno, 100% viu mudanças nas relações com os stakeholders externos e 79% reconheceu benefícios estratégicos do documento na tomada de decisão. 

No entanto, o estudo ‘Insights on Integrated Reporting’ de 2017, a ACCA (Association of Chartered Certified Accountants) concluiu que apenas 46% dos relatórios examinados abordaram o princípio da materialidade corretamente e apenas 41% foram considerados concisos. Além disso, muitos dos profissionais revelaram sentir falta de KPIs comparáveis aos de outras empresas sem <IR> e solicitam métodos de medição mais claros. 

Considerando que existe um padrão nas dificuldades encontradas, o estudo da ACCA sugere a consulta, leitura e avaliação de <IR> de outras empresas do seu setor ou mesmo de setores diferentes. Mas esta não é a única sugestão. Caso esteja a ponderar aderir ao <IR>, a ACCA dá os seguintes conselhos: 

  • Encontrar os heróis do <IR>:
    O <IR> precisa de heróis. Encontre uma equipa multidisciplinar de profissionais dedicados que integrem diferentes departamentos da organização, de forma a potenciar o pensamento integrado. É ideal ter profissionais financeiros, de estratégia, gestão, RH entre outros. 
  • Definir a audiência: 
    Como qualquer grande projeto deve ter um público-alvo específico. Desta forma, será mais fácil afunilar a informação, encontrar um tom e ter uma linha de orientação clara para todo o documento. Apesar de o IIRC definir que os stakeholders e os investidores como principais alvos do <IR>, algumas empresas aproveitam o documento para comunicar com outros intervenientes do ambiente corporativo. É importante definir quem são os destinatários. 
  • Olhar para o <IR> como um hub de informação: Comunicar a relação entre diferentes conceitos, entre a informação de relatórios já existentes bem como a relação entre capitais financeiros e não financeiros pode ser especialmente desafiante. Por isso mesmo, caso haja informação de detalhe que possa ser consultada de futuro, pode fazer cross-references, a que os leitores podem aceder se assim acharem necessário. Desta forma não se sobrecarrega todos os leitores com a inclusão de mais informação. 
  • Não ter medo dos números: Se quer trazer os números para a página da frente, faça-o. Na realidade a maioria dos investidores vai agradecer. 
  • Usar linguagem apropriada: Lembre-se de que o <IR> também poderá ser lido por pessoas fora da organização e mesmo pessoas que não estão dentro do negócio ou setor. Evite jargão demasiado técnico e mantenha um tom factual e neutro.
  • Demonstrar o envolvimento da chefia: Investidores e stakeholders querem ver evidências de que o pensamento integrado e o <IR> foram também impulsionados pela administração. O envolvimento do CEO acrescenta credibilidade ao documento. 
  • Definir expetativas: o <IR> é um caminho, e os stakeholders devem ser informados de que o documento irá evoluir com o tempo.

A Auren está ciente de todos os desafios e tem respostas integradas para cada organização. Composta por uma equipa multidisciplinar e experiente, a Auren poderá fornecer o aconselhamento necessário para o desenvolvimento do pensamento integrado dentro da sua organização. Com os profissionais da Auren será mais fácil elaborar um relatório integrado completo que cumpra o seu objetivo enquanto ferramenta de comunicação de valor e estratégia da sua empresa.

Contacte-nos para mais informações. 

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