Nesta perspectiva, e segundo a nossa experiência, listámos 10 perguntas centrais, que achamos que nos devemos colocar para prestar o melhor serviço neste âmbito:

1.Qual é o modelo de financiamento do negócio?

O prazo do ciclo de operações permite gerar atempadamente fluxos financeiros suficientes sem recorrer a financiamentos elevados ou, ao invés, trata-se de um negócio de capital intensivo, em que é necessário recorrer a financiamentos elevados e de médio e longo prazo? No geral das aquisições, quanto mais escalável for o modelo de negócio, e menor for o volume de investimento necessário para o desenvolvimento das operações, maior será a sua atratividade para o comprador. 

2. Qual o histórico de crescimento da empresa?

Nestes elementos de avaliação deve ser tido em consideração o histórico de crescimento da empresa e as suas posições nos rankings da quota de mercado global e local, aliados ao seu grau de inovação – quer a nível de tecnologia de produto, quer a nível da tecnologia de processos.Um crescimento acelerado da empresa, quando aliado a inovação tecnológica, é um fator importante de valorização para um investidor. 

3.Como é que a empresa se relaciona com os clientes?

 Quando uma empresa mantém um processo de avaliação regular e credível dos níveis de satisfação do cliente, atendendo às recomendações para melhorar as suas experiências, está a tornar-se mais atraente para um investidor.

4. Qual o nível de dependência de clientes, fornecedores ou colaboradores?

 Uma empresa é de risco mais baixo se estiver menos dependente de clientes, fornecedores ou colaboradores, situação que normalmente é muito recorrente em diversos sectores. Na valorização deste elemento o mais relevante é avaliar se a empresa dá importância à necessidade de quebrar esta dependência, existindo um plano para encontrar alternativas em situações críticas. 

5. A gestão da empresa está centralizada no proprietário ou é exercida por gestores independentes?

A empresa com uma gestão onde há grande envolvência do seu proprietário acaba por ser menos atrativa do que aquela onde,  numa perspectiva de longo prazo, se aposta na criação de uma equipa de gestão independente. A saída de um proprietário muito envolvido na gestão da empresa é uma situação que,  se não for devidamente acautelada, normalmente terá um impacto negativo.

6. Como é que a empresa gere os seus talentos?

Esta questão torna-se pertinente porque, ainda que existam sectores menos permeáveis do que outros à inovação, cada vez mais o desenvolvimento do mercado exige, não só a integração de mão-de-obra qualificada, como a contínua atualização dos conhecimentos dos colaboradores (das suas competências tecnológicas e de colaboração). A prática de uma política contínua de valorização e formação dos quadros e talentos é um fator normalmente preponderante na avaliação da empresa. 

7. Como é que a empresa se posiciona no mercado?

 A empresa que já tem um controlo do mercado através do domínio de uma área geográfica ou de um produto ou serviços diferenciados apresenta uma vantagem competitiva em relação a outra e, por isso, torna-se mais atrativa para o investidor. Também são valorizadas  as empresas que possuem uma rota de expansão comercial além fronteiras ou que estão num mercado em expansão.    

 

8.  Quais os fatores impulsionadores na performance financeira? 

 Na valorização dos resultados dos índices de performance financeira que não resultam de processos mais eficientes ou de produtos exclusivos, deve-se ter em consideração se não é um fator de risco que resulta da obsessão de privilegiar os acionistas (numa visão de valorização de rentabilidade de curto prazo), desvalorizando o que acontece no mercado e nos clientes.

9.  Qual o modelo de negócio na estrutura de custos da empresa?

 A empresa é mais atrativa quando o custo de serviço prestado tende a diminuir, na medida em que são diluídos os custos fixos pelo aumento de receitas fixas. É o exemplo das empresas que prestam serviços em plataformas digitais que assentam em assinaturas periódicas.

10. A empresa adota procedimentos de responsabilidade social?

 Se a empresa adota procedimentos para reduzir o seu impacto negativo na comunidade, contribuindo para melhorar a vida das pessoas e tendo um comportamento socialmente responsável, beneficia dessa estratégia conquistando, não só uma melhor reputação, como um maior crescimento no mercado e uma maior capacidade de atrair talentos e investidores.

 

 Assim, mais do que percorrer esta check-list de forma autómata, o desafio do assessor é o de integrar as análises destas diferentes perspectivas, criando uma imagem final que transmita, de forma fiável, o valor que a empresa pode gerar ao seu potencial comprador. Para tal, há que saber relevar e valorizar elementos essenciais, que nem sempre são financeiros, mas que criam valor e, consequentemente, são fatores que contribuem para o sucesso da empresa.